quinta-feira, 21 de abril de 2016

O Riso: Ensaio Sobre a Significação do Cômico

Em O Riso: Ensaio Sobre a Significação do Cômico, o filósofo Henri Bergson explica-nos que uma das causas do cômico é a presença de certa rigidez mecânica ali onde deveria haver maleabilidade atenta e flexibilidade viva por parte de uma pessoa.
Um sujeito que, ao correr pela rua, tropeça e cai, provoca riso nos transeuntes porque, por falta de agilidade, por desvio ou teimosia do corpo, os músculos continuaram realizando o mesmo movimento quando as circunstâncias exigiam algo diferente.
Imaginemos também um homem demasiado metódico, que se empenhasse em suas pequenas ocupações cotidianas com uma regularidade matemática. Caso algum gozador embaralhasse os seus objetos pessoais – como numa conhecida sequência do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulin –, o resultado do contraste entre o comportamento habitual e a nova situação gerada pela broma provocaria-nos riso: o pobre mete a pena no tinteiro e sai cola; acredita sentar numa cadeira sólida e se estatela no chão; tenta calçar os sapatos, mas os pés estão trocados.
Sua situação é análoga ao do sujeito que cai na rua. A razão da comicidade é idêntica em ambos os casos: a incapacidade de se adaptar, em tempo, a um obstáculo imprevisto ou a uma alteração nas circunstâncias.
Trata-se, em outro plano, da mesma comicidade que caracteriza o Dom Quixote de Cervantes, pois o nobre fidalgo, congelado na história, continuava a se portar como no tempo mítico dos cavaleiros andantes, sem atinar para a mudança de era e para a realidade em que viviam os seus contemporâneos. Quando se comporta como autômato, reagindo de maneira estereotipada a novas situações, o indivíduo humano se faz cômico.

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Yo

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Especialista no ensino de espanhol para adultos com ênfase no mundo dos negócios, tendo como alunos diversos executivos de empresas de destaque em seus segmentos. Veja mais em https://www.linkedin.com/in/ivancuadratus/